Foto: Rede Globo

Tieta retorna à TV: clássico de Jorge Amado estreia hoje no “Vale a Pena Ver de Novo”

Nesta segunda-feira (2), “Tieta”, um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira, volta às telas no “Vale a Pena Ver de Novo” nas comemorações dos 60 anos da Rede Globo e dos 100 anos do Grupo Globo. A novela, baseada no romance homônimo de Jorge Amado, conquistou o público em 1989 e permanece um marco da cultura popular nacional. Adaptada por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, a trama retorna para encantar tanto os nostálgicos quanto uma nova geração de espectadores.

A história começa com a jovem Tieta, interpretada na primeira fase por Claudia Ohana, sendo expulsa de sua cidade natal, Santana do Agreste, pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), sob acusações de comportamento imoral. Anos depois, Tieta retorna triunfante, agora vivida por Betty Faria, com o objetivo de desafiar os valores conservadores da pequena cidade e ajustar contas com seu passado.

Os bastidores e desafios da adaptação

Em entrevista ao portal NaTelinha, Ana Maria Moretzsohn, uma das coautoras da novela, revelou detalhes sobre o processo de criação e os bastidores da produção. Ela destacou a complexidade de adaptar o vasto universo literário de Jorge Amado, que envolvia dezenas de personagens. “Relemos os livros com atenção, combinamos personagens e estruturamos a trama em encontros semanais”, explicou. Segundo Ana Maria, o trabalho em equipe com Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares foi tão harmonioso que os capítulos mantinham um tom uniforme, algo que impressionava até os atores.

A escritora também comentou os desafios emocionais do roteiro. Uma das cenas mais difíceis para ela foi escrever a tentativa de suicídio da personagem Leonora (Lídia Brondi). “Nós amávamos os personagens e suas histórias. Foi um grande sofrimento escrever essa cena”, relembrou.

Sobre os temas ousados da novela, Ana Maria mencionou que, apesar das controvérsias, o público da época aceitou as histórias com naturalidade, graças ao tom farsesco que permeava a narrativa. A relação incestuosa entre Tieta e o sobrinho Ricardo (Cássio Gabus Mendes) e o núcleo cômico do coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura) são exemplos de enredos que, mesmo desafiando tabus, foram tratados de maneira leve. “O público da época parecia muito tranquilo com nossas peripécias”, analisou a coautora.

Atualizações e expectativas para a reprise

Diante das mudanças nos padrões de exibição, “Tieta” foi editada para se adequar ao horário vespertino. A abertura, que trazia Isadora Ribeiro nua, deve ser ajustada, e cenas mais intensas foram suavizadas. Ana Maria considera as adaptações necessárias e acredita que a essência da trama permanecerá: “Quem já assistiu vai reviver momentos felizes, e quem ainda não viu vai se apaixonar por Santana do Agreste e seus inesquecíveis habitantes.”

Além de sua força narrativa, “Tieta” também é lembrada por momentos simbólicos. Um exemplo é a cena em que Zé Esteves arranca a página de um calendário marcando 13 de dezembro de 1968, data do AI-5, em alusão à repressão da ditadura militar. A inclusão dessa referência é um reflexo do contexto político da época em que a novela foi exibida pela primeira vez, durante o período de redemocratização do Brasil.

Serviço: quando e onde assistir

“Tieta” será exibida a partir de hoje, no “Vale a Pena Ver de Novo”, na Rede Globo com início às 15h30. A reprise promete reacender a paixão dos fãs e apresentar a história de Tieta às novas gerações, reafirmando seu lugar como um dos maiores clássicos da TV brasileira.

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