Foto:Divulgação

95 anos de Villani-Côrtes: o mestre que fez do Brasil sua partitura

Nascido em Juiz de Fora (MG), em 8 de novembro de 1930, o maestro, pianista, arranjador e compositor Edmundo Villani-Côrtes é um dos nomes mais respeitados da música brasileira. Sua trajetória, que atravessa oito décadas de dedicação integral à arte, é um testemunho raro da fusão entre o rigor da formação clássica e a espontaneidade da música popular.

Desde cedo, Villani-Côrtes demonstrou talento e sensibilidade excepcionais. Aos nove anos, já tocava cavaquinho, violão e piano, e não demorou para seguir o caminho da música profissional. No Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, formou-se em 1954, época em que também atuava nas noites cariocas e na Orquestra da Rádio Tupi, sob regência do maestro Orlando Costa (Cipó).

Entre 1954 e 1959, retornou à sua cidade natal, onde foi diretor do Conservatório Estadual de Música e estreou, em 1956, seu Concerto para Piano e Orquestra — início de uma carreira de compositor que jamais se interromperia.

Na década de 1960, já em São Paulo, Villani-Côrtes aprimorou-se com mestres como Camargo Guarnieri e Koellreutter, tornando-se um dos principais representantes de uma geração de compositores que soube dialogar entre o erudito e o popular. Nesse período, trabalhou como pianista e arranjador em orquestras e emissoras de TV, especialmente na TV Tupi, onde integrou a orquestra da casa.

Uma obra premiada e plural

Sua produção é vasta e premiada. Em 1981, venceu a Feira Livre de MPB da TV Cultura, e, no ano seguinte, representou o Brasil no Festival da OTI, no México, como regente e compositor. Foi autor de obras emblemáticas como “Choro Pretensioso”, “Ritmata nº1”, “Postais Paulistanos” e o “Concerto para Vibrafone e Orquestra”, distinguido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) em 1998.

Em sua extensa lista de prêmios e homenagens, estão também a Comenda Henrique Halfeld (Juiz de Fora, 1994), o reconhecimento da Escola de Música Arte Livre, que o nomeou Compositor do Ano em 1992, e as distinções no Festival de Inverno de Campos do Jordão, onde lecionou entre 1992 e 1995.

Além das obras de concerto, Villani-Côrtes se tornou conhecido pelo público televisivo ao atuar como pianista do programa “Jô Soares Onze e Meia” entre 1988 e 1991. Também se apresentou com a Orquestra Jazz Sinfônica, regendo e interpretando peças de sua autoria, como “Caetê Jururê”, no Memorial da América Latina.

O humanista da música

Villani-Côrtes nunca separou técnica e emoção. Sua linguagem musical é marcada pela delicadeza melódica e pelo lirismo harmônico, em que o choro, o samba-canção e a música de câmara se entrelaçam com naturalidade.

“Para mim, a música não tem fronteiras. O que existe é a verdade do som, e ela sempre vem do coração”, costuma dizer o maestro.

Doutor pela UNESP desde 1998 e ocupante da Cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Música, Villani-Côrtes é hoje referência incontornável na história da composição brasileira — um artista que, aos 95 anos, mantém vivo o ideal de que a arte é o espaço onde o Brasil se escuta em sua forma mais pura e eterna.

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