Arthur Moreira Lima, um dos mais renomados pianistas brasileiros, faleceu hoje, quarta-feira, 30 de outubro de 2024, aos 84 anos, em Florianópolis. Conhecido por sua maestria ao interpretar clássicos de Frédéric Chopin e por sua dedicação em levar a música erudita aos quatro cantos do Brasil, Moreira Lima deixa um legado cultural incomparável. Diagnosticado com câncer no intestino no ano passado, o pianista estava internado há duas semanas. Seu velório, aberto ao público, será realizado no Crematório e Cemitério Jardim da Paz, em Florianópolis, nesta quinta-feira, 31 de outubro, das 12h às 16h.
Nascido no Rio de Janeiro em 1940, Arthur Moreira Lima começou a tocar piano aos seis anos sob a orientação da renomada professora Lúcia Branco. Seu talento foi reconhecido desde cedo, destacando-se aos 17 anos como finalista de importantes competições nacionais. Ganhou projeção internacional em 1965, quando conquistou o segundo lugar no prestigiado Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin, em Varsóvia, Polônia, solidificando sua posição como um dos grandes intérpretes da música clássica no mundo. Ele também recebeu prêmios no Concurso Tchaikovsky, em Moscou, e no Leeds International Piano Competition, na Inglaterra.
Além de sua carreira em palcos internacionais, Moreira Lima tornou-se um verdadeiro embaixador cultural do Brasil ao fundar o projeto “Piano pela Estrada”. Viajando em um caminhão adaptado que se transformava em palco, ele percorreu o Brasil, levando a música erudita a comunidades distantes, escolas públicas e cidades do interior. Entre 2002 e 2018, o projeto chegou a mais de 500 localidades e permitiu que mais de um milhão de pessoas tivessem acesso a apresentações de piano, muitas delas pela primeira vez. Seu esforço para democratizar o acesso à cultura fez de Arthur Moreira Lima um símbolo de dedicação à arte e um defensor da identidade cultural brasileira .
Ao longo de sua carreira, Moreira Lima lançou mais de cem gravações e foi homenageado com o título de doutor honoris causa. Além disso, atuou como gestor cultural, ocupando posições de destaque, como a direção da Sala Cecília Meirelles e a vice-presidência do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Seu repertório, que abrangia tanto compositores românticos como Chopin e Liszt quanto a música popular brasileira, incluía obras de Ernesto Nazareth e Villa-Lobos, revelando sua versatilidade e seu compromisso com a valorização da cultura nacional.
A morte de Arthur Moreira Lima deixa uma lacuna significativa na música erudita brasileira e no esforço contínuo de levar cultura às áreas mais remotas do país. Seu legado, entretanto, permanece como um exemplo de como a arte pode unir, educar e inspirar gerações.