Foto: Redes sociais

Bruna Lombardi reflete sobre tesão, liberdade e conexão com a vida

A atriz e escritora Bruna Lombardi compartilhou reflexões marcantes em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo”. Aos 72 anos, Bruna, que é referência em arte e literatura, falou sobre saúde, liberdade feminina e sexualidade, além de comentar os desafios de viver em um mundo hiperconectado. Recentemente, a atriz passou por um susto que a fez repensar sua rotina: em maio, foi internada após sofrer um quadro de estafa. “Estava esgotada, trabalhando em um ritmo muito alucinado, mas não percebia”, revelou. A internação, que durou três dias, foi consequência de um excesso de compromissos e da pressão constante da vida moderna.

Bruna relatou que os sinais eram confusos e, muitas vezes, ignorados. “Sentia um mal-estar generalizado. Era como se fosse um enjoo, e ficava sem comer por conta das dores no estômago.” Após o episódio, ela decidiu desacelerar, passou por um check-up completo e recebeu a notícia de que sua saúde estava em dia, resultado de uma vida equilibrada. Bruna destacou a importância de seus hábitos alimentares, que incluem a ausência de carne e alimentos ultraprocessados. “Tenho uma alimentação saudável, mas isso nunca foi imposição. Sempre gostei desse estilo de vida. Sou uma pessoa alternativa de alma, mesmo tendo um rosto mainstream.”

Recebendo a jornalista em sua casa no Morumbi, um refúgio rodeado por um vasto jardim, árvores e palmeiras, Bruna descreveu a importância de criar espaços que ofereçam conforto e equilíbrio. A residência, decorada com obras de arte e inspirada nos princípios do feng shui, reflete seu desejo por harmonia em meio ao caos urbano. “Com o mundo do jeito que está, precisamos ter um canto que seja nosso. Não precisa ser luxuoso, mas é essencial que transmita paz e bem-estar.”

Durante a entrevista, Bruna abordou a relação entre tesão e a alegria de viver. Para ela, o conceito vai muito além da sexualidade e está profundamente ligado à essência humana. “O tesão está no contato com a natureza, nos sabores, nas cores, nos cheiros. Tudo é sensorial e sensual, e essa conexão é o que nos mantém vivos. O tesão pela vida é o que move tudo.” A atriz também falou sobre sua constante luta pela liberdade feminina e a importância de desmistificar tabus relacionados ao prazer e à autonomia das mulheres.

Bruna expressou preocupação com as recentes tentativas do Congresso Nacional de restringir direitos reprodutivos no Brasil, como o Projeto de Lei 1904/2024, que visa criminalizar o aborto após a 22ª semana de gestação, mesmo em casos de estupro. “É um absurdo. Vivemos em um país de extraordinária impunidade, mas o foco parece sempre recair sobre as mulheres. É um retrocesso inacreditável.” Ela destacou que, em sociedades de diferentes períodos históricos, o poder feminino foi sistematicamente temido e reprimido. “Ainda existem lugares no mundo onde mulheres são mutiladas, silenciadas e privadas de qualquer liberdade. Precisamos mudar isso.”

Apesar dos desafios, Bruna mantém uma visão otimista sobre o futuro. Para ela, a história da humanidade é cíclica, mas sempre apresenta avanços. “Mesmo quando parece que estamos no caos, há progresso. A evolução acontece em espirais: voltamos ao mesmo ponto, mas com algum crescimento.”

Bruna está cheia de planos para 2025. Entre os projetos está uma nova edição de seu romance “Filmes proibidos”, que contará com textos inéditos. A atriz também planeja passar o final do ano ao lado de seu marido, Carlos Alberto Riccelli, em meio à natureza, priorizando o descanso e o equilíbrio. “Depois de anos de trabalho intenso, é importante parar, refletir e reencontrar o ritmo da vida. Essa pausa também é uma forma de cuidado.”

Inspiradora e contundente, Bruna Lombardi segue como uma das vozes mais respeitadas na luta pela liberdade, pelo empoderamento feminino e pela conexão com a essência da vida. “As mulheres precisam descobrir seu poder, abraçar quem são e transformar o mundo à sua volta. Estamos aqui para isso.”

Fonte: Entrevista concedida a Mônica Bergamo, publicada na “Folha de S. Paulo”, em 17 de novembro de 2024.

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