O cinema brasileiro se despede de um de seus maiores nomes. O cineasta Cacá Diegues faleceu na madrugada desta sexta-feira (14), aos 84 anos, em decorrência de complicações após uma cirurgia. Nascido em Maceió, no dia 19 de maio de 1940, Carlos José Fontes Diegues mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, onde cresceu no bairro de Botafogo, Zona Sul da cidade, e começou a trilhar seu caminho no universo cultural.
Um dos fundadores do Cinema Novo, Cacá Diegues deixou uma marca indelével na história do audiovisual brasileiro, ao lado de cineastas como Glauber Rocha, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade. Sua obra, composta por mais de 20 filmes, capturou com sensibilidade as contradições e riquezas do Brasil. Entre os trabalhos mais célebres estão “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Quilombo” (1984), “Tieta do Agreste” (1995) e “O Grande Circo Místico” (2018), este último inspirado na poesia de Jorge de Lima.
Reconhecido internacionalmente, Diegues foi homenageado em 2012 no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. Em 2016, tornou-se enredo da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, um momento que ele descreveu como um dos mais emocionantes de sua vida. Em 2018, ingressou na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 7, que já pertenceu a Euclides da Cunha e Nelson Pereira dos Santos, amigo de longa data.
Na vida pessoal, Cacá Diegues deixa um legado de afeto e arte. Ele foi casado com a cantora Nara Leão, com quem teve dois filhos, e desde 1981 estava ao lado da produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem teve mais dois filhos. Além dos quatro filhos, ele deixa três netos.
Visionário, sensível e apaixonado pelo Brasil, Cacá Diegues transformou o cinema em poesia e reflexão, eternizando em imagens o espírito de um país. Sua obra e influência seguirão inspirando gerações.