Dalton Trevisan, consagrado como um dos maiores contistas da literatura brasileira, faleceu na noite de segunda-feira (9), em Curitiba, aos 99 anos. Seu corpo foi cremado nesta terça-feira (10), na mesma cidade onde nasceu, viveu e construiu sua obra. Conhecido pela reclusão e avesso aos holofotes, Trevisan cultivou uma imagem misteriosa, com raros registros fotográficos e sonoros.
Formado em Direito, abandonou a advocacia para dedicar-se à literatura, publicando mais de 50 livros que se tornaram referência no gênero do conto. Entre suas obras mais emblemáticas estão Novelas Nada Exemplares (1959) e O Vampiro de Curitiba (1965), que deu origem ao apelido que o imortalizou.
Dalton foi laureado com os principais prêmios literários, incluindo o Machado de Assis, quatro Jabutis e o Camões, o maior da língua portuguesa. Seu estilo minimalista e preciso retratava com maestria as nuances do cotidiano, explorando as angústias e conflitos das pessoas comuns.
Em 2024, perto de completar um século de vida, surpreendeu ao lançar livros infantis e continuar revisitando antigos textos para reedições. A Academia Brasileira de Letras lamentou sua partida, destacando-o como um “cronista personalíssimo” e uma figura essencial da ficção brasileira.
Curitiba, cidade que inspirou suas narrativas, declarou luto e enalteceu sua contribuição às histórias locais. Trevisan, fiel ao seu estilo reservado, despediu-se da vida como viveu: silencioso, mas eterno em suas palavras.
Descanse em paz, Dalton Trevisan.