O escritor, professor e diplomata Edgard Telles Ribeiro foi eleito na quarta-feira (11) para ocupar a Cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que pertencia ao poeta Antonio Cicero, falecido em outubro deste ano. Com 28 votos de um total de 39, Edgard superou outros 11 candidatos, incluindo Tom Farias, que ficou em segundo lugar com seis votos.
A eleição de Edgard Telles Ribeiro reforça o papel da ABL em diversificar suas áreas de atuação, integrando vozes que transitam entre diferentes campos da arte e da cultura. “Quem escreve contos, romances e poemas é ligado à palavra, a contar histórias e a despertar sonhos nas pessoas. Fico contente de ter sido eleito para contribuir nessa vertente de contador de histórias que tanto caracteriza a literatura brasileira”, destacou o autor após a votação.
Segundo o presidente da ABL, Merval Pereira, Edgard não é apenas um romancista de excelência, mas também uma figura de relevância na diplomacia cultural. “Ele foi finalista do Prêmio Jabuti e escreveu obras como ‘O Punho e a Renda,’ um clássico sobre a Ditadura Militar e a diplomacia brasileira. Sua experiência na área cultural, inclusive ao lado de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, será uma grande vantagem para a Academia.”
Ruy Castro, membro da ABL, elogiou a trajetória de Edgard como um dos grandes talentos de sua geração. “Fomos colegas na revista ‘Diners’ em 1968, e ele já era um grande talento. Depois, entrou para a diplomacia e, há 20 anos, retornou à literatura. Ele está de volta ao seu lugar, a ABL.”
Godofredo de Oliveira Neto, também acadêmico, reforçou a importância da eleição. “Edgard Telles Ribeiro é um escritor refinado, um ficcionista brilhante e uma pessoa afável. Sua entrada representa um enriquecimento democrático para a Academia.”
Trajetória de Edgard Telles Ribeiro
Nascido no Rio de Janeiro, Edgard Telles Ribeiro começou sua carreira como crítico de cinema, escrevendo para os suplementos literários de O Correio da Manhã e O Jornal. Estudou cinema na Universidade da Califórnia (UCLA) e teve o filme “Vietnam, Viagem no Tempo” exibido na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes em 1970. Entre 1978 e 1982, foi professor de cinema na Universidade de Brasília (UnB).
Ao longo de sua carreira, publicou 15 livros, entre romances e coletâneas de contos, como “O Criado Mudo,” “O Impostor,” “Lavras Azuis da Amazônia” e “Jogo de Armar” (2023). Entre suas obras mais premiadas estão “Olho de Rei,” que recebeu o prêmio de melhor obra de ficção da ABL em 2006, e “O Punho e a Renda,” que conquistou o Prêmio Pen Clube em 2015 por retratar os bastidores da ditadura militar.
Edgard também se destacou na diplomacia, ingressando no Instituto Rio Branco em 1966. Atuou em países como Estados Unidos, Equador, Guatemala, Nova Zelândia, Malásia e Tailândia, sendo embaixador nas três últimas. Em Brasília, chefiou o Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores entre 2002 e 2005, período em que aprofundou sua pesquisa sobre diplomacia cultural, tema de sua tese acadêmica “Diplomacia Cultural: Seu Papel na Política Externa Brasileira.”
Legado
A eleição de Edgard Telles Ribeiro para a ABL é um reconhecimento de sua contribuição à literatura e à cultura brasileira. Como escritor e diplomata, ele construiu uma carreira marcada pela excelência e pela pluralidade, consolidando-se como um dos principais nomes de sua geração. A presença de Edgard na ABL não apenas homenageia sua trajetória, mas também enriquece o cenário literário e cultural do país.