A lenda da “loira do banheiro” é uma das mais difundidas no folclore urbano brasileiro, especialmente entre estudantes. Embora existam diversas versões, uma das mais conhecidas associa a origem dessa lenda à história de Maria Augusta de Oliveira Borges, filha do Visconde de Guaratinguetá, no estado de São Paulo.
A história de Maria Augusta
Nascida em 1864, Maria Augusta foi obrigada, aos 14 anos, a casar-se com Francisco Antônio Dutra Rodrigues, um homem mais velho e influente. Insatisfeita com o matrimônio, aos 18 anos, vendeu suas joias e fugiu para Paris, onde viveu até sua morte precoce, aos 26 anos, em 1891, possivelmente devido à hidrofobia (raiva).
O mistério na mansão da família
Após seu falecimento, o corpo de Maria Augusta foi trazido de volta ao Brasil e mantido em uma urna de vidro na mansão da família em Guaratinguetá. Sua mãe, arrependida por ter imposto o casamento, relutava em enterrá-la, deixando o corpo exposto na casa por meses. Durante esse período, funcionários relataram aparições de seu vulto, sons misteriosos de piano e o cheiro de rosas brancas — perfume característico que Maria Augusta usava em vida.
A transformação em escola e a origem da lenda
Anos mais tarde, a residência da família foi transformada na Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves. Relatos de fenômenos sobrenaturais no local, como torneiras que se abriam sozinhas e ruídos inexplicáveis, contribuíram para o surgimento da lenda da “loira do banheiro”. Um incêndio misterioso em 1916 reforçou ainda mais o mito.
O ritual para invocar a loira do banheiro
Com o passar do tempo, a lenda ganhou novas versões e se espalhou por todo o Brasil. Surgiram rituais que prometem invocar a “loira do banheiro”, incluindo bater três vezes na porta, dar descargas repetidas e dizer seu nome diante do espelho. O mistério atrai especialmente a atenção de crianças e jovens, que tentam invocar o espírito nos banheiros das escolas, especialmente durante o mês de outubro, quando o interesse pelo tema cresce consideravelmente.
Uma lenda que reflete o Brasil do século XIX
A história de Maria Augusta, marcada por imposições familiares e uma morte trágica, ecoa a realidade de muitas jovens do século XIX no Brasil. O peso das expectativas sociais e a falta de liberdade pessoal tornam a lenda da “loira do banheiro” mais do que apenas uma história de terror; é um reflexo cultural que sobreviveu e se transformou, passando de uma tragédia familiar a um dos mitos mais persistentes da cultura brasileira.
Assim, a figura da “loira do banheiro” continua a habitar o imaginário popular, misturando fatos e folclore, sempre envolta em uma atmosfera de mistério e nostalgia, perpetuando o legado de uma mulher que nunca encontrou descanso.