A televisão amanheceu menor nesta segunda-feira, 24 de novembro. Ione Borges, figura central na história dos programas femininos e presença afetiva para gerações de telespectadores, morreu aos 73 anos. A notícia foi compartilhada por Claudete Troiano, amiga de longa data e parceira que com ela dividiu uma das duplas mais queridas da TV.
Claudete recorreu às redes para falar da perda, descrevendo Ione como companheira de jornada e lembrando a sintonia que marcaram juntas. Foi um depoimento carregado de memória e afeto, como quem acende uma última luz para alguém que ajudou a transformar a televisão em um espaço mais humano. “Seguimos lado a lado por tantos anos, rindo, aprendendo e tocando pessoas. Hoje, a despedida dói, mas agradeço pela história que construímos”, escreveu.
A Fundação Cásper Líbero informou que a causa da morte foi insuficiência respiratória. O velório está marcado para esta segunda-feira, das 16h às 20h, no Funeral Velar Morumbi, em São Paulo, conforme divulgou o jornalista André Resende.
A trajetória de Ione acompanha o próprio amadurecimento da TV brasileira. Surgiu diante das câmeras ainda jovem, nos anos 1960, como modelo e atriz. Com o tempo, encontrou na apresentação de programas o território onde sua delicadeza, firmeza e carisma se tornariam assinatura. Passou por diferentes emissoras, entre elas Record, Globo e Cultura, até encontrar na TV Gazeta o endereço definitivo — a casa onde seu nome se solidificou.
No canal paulista, comandou programas que acabaram por moldar um estilo próprio de conversa, acolhimento e serviço ao público: Mulheres, Ione, Pra Você, Manhã Gazeta, Todo Seu. Tornou-se referência de uma época em que a televisão se estruturava muito mais na voz e na presença do que no efeito imediato das telas.
Em 2010, afastou-se das gravações de rotina por questões de saúde, especialmente pelo desgaste vocal. A TV Gazeta, porém, decidiu mantê-la em contrato vitalício — gesto raro e revelador da dimensão de sua importância. Desde então, Ione reaparecia em participações especiais de fim de ano, celebrando a própria história e a história da emissora.
Hoje, sua ausência devolve à TV um silêncio pesado, mas também uma lembrança luminosa: a de uma mulher que ajudou a formar o imaginário de muitas casas brasileiras, sempre com voz serena, elegância clássica e a sensação de que, diante dela, a vida ficava mais simples de ser compreendida.



