Em noite histórica no Rio de Janeiro, Lady Gaga subiu ao palco montado na Praia de Copacabana para o maior público de sua carreira, cerca de 2,1 milhões de pessoas, entregando um show impecável, meticulosamente ensaiado e com forte carga simbólica. A cantora, conhecida por unir arte, moda e ativismo, vestiu as cores do Brasil em um dos momentos mais intensos da apresentação, agradecendo ao público pela espera e declarando: “Hoje, fazemos história juntos.”
Sem abrir mão da estética obscura e eletrônica que marca a turnê “Mayhem”, Gaga manteve o mesmo roteiro apresentado no Coachella e nas apresentações anteriores no México. A artista, que não se apresentava no país desde 2012, celebrou sua volta como um renascimento, tanto artístico quanto pessoal, após anos de recuperação física e emocional.
O show foi dividido em cinco atos, cada um com identidade visual e sonora própria, formando uma narrativa que ela definiu como “ópera gótica”. O início trouxe faixas como “Bloody Mary” e “Judas”, com atmosfera carregada e referências religiosas. Em “Poker Face”, Gaga intensificou os elementos teatrais, combinando cenários que remetiam a um baile de máscaras com figurinos sombrios e dramáticos.
Na sequência, o set mergulhou em melodias mais melancólicas e arranjos soul, com canções como “Perfect Celebrity” e “Paparazzi”, esta última marcada por um discurso emocionado sobre resiliência, luz e gratidão. Foi nesse momento que ela apareceu com um vestido cintilante nas cores verde, amarelo e azul, levando o público ao delírio.
Canções inéditas como “Zombieboy” e “Killah” trouxeram influências do rock oitentista e mostraram a potência da banda que a acompanha. Já em “How Bad Do U Want Me”, dançarinos com camisas da seleção brasileira reforçaram a conexão com o país. Na parte mais suave do show, Gaga sentou-se ao piano e conduziu o público num coro emocionante de “Shallow”, canção vencedora do Oscar.
O ato final foi o mais performático. Com uma alegoria sobre renascimento e resistência, Gaga apresentou “Born This Way” como uma celebração da identidade e da liberdade. “Monstros nunca morrem”, declarou antes de encerrar com “Bad Romance”, que transformou a praia em uma festa coletiva.
Mais do que um espetáculo visual e sonoro, Gaga ofereceu uma experiência ritualística, onde o caos se tornou arte e a dor virou dança. O Brasil, por uma noite, foi palco de uma artista no auge da sua força criativa — e de um público que respondeu à altura.