Foto: Netflix

Netflix: “Batalhão 6888” – Mulheres pretas que fizeram a diferença no exército americano

O filme “Batalhão 6888”, dirigido por Tyler Perry e disponível na Netflix, destaca-se como uma obra cinematográfica que ilumina um capítulo pouco conhecido, mas profundamente significativo, da história militar americana. A produção narra a trajetória do 6888.º Batalhão do Diretório Postal Central, uma unidade composta exclusivamente por mulheres pretas durante a Segunda Guerra Mundial. Estas mulheres enfrentaram não apenas os desafios inerentes a um cenário de guerra, mas também o racismo e o sexismo profundamente enraizados na sociedade e nas forças armadas da época.

Em 1945, o 6888.º Batalhão foi destacado para a Europa com a missão crucial de organizar e distribuir uma imensa quantidade de correspondências destinadas aos soldados americanos no front. Estima-se que mais de 17 milhões de cartas estavam acumuladas em armazéns, muitas delas mal endereçadas ou deterioradas pelas condições de armazenamento. O lema do batalhão, “Sem correio, moral baixo”, refletia a importância vital de sua tarefa para manter o ânimo das tropas. 

Sob a liderança da Major Charity Adams, interpretada com garra por Kerry Washington, as 855 integrantes do batalhão trabalharam incansavelmente em condições adversas. Enfrentaram instalações precárias, falta de aquecimento e iluminação inadequada, além da constante ameaça de ataques inimigos. Apesar de lhes terem sido concedidos seis meses para completar a missão, elas concluíram o trabalho em apenas três, demonstrando eficiência e dedicação excepcionais. 

O filme não apenas retrata a importância logística da missão, mas também aprofunda-se nas experiências pessoais das mulheres do batalhão. A personagem Lena Derriecott Bell King, vivida por Ebony Obsidian, exemplifica as motivações pessoais que levaram muitas dessas mulheres a se alistarem, bem como os sacrifícios pessoais que fizeram. A narrativa aborda de forma sensível as complexidades das relações raciais e de gênero da época, destacando a resiliência e a coragem dessas pioneiras.

Oprah Winfrey no papel de Mary McLeod Bethune, Susan Sarandon e Sam Waterston como Eleanor e Franklin Roosevelt e a trilha sonora, com a canção “The Journey” de H.E.R., indicada ao Oscar de Melhor Canção Original em 2025, são elementos adicionais nesta construção comedida de Perry.

Historicamente, o 6888.º Batalhão representa uma conquista monumental. Foi a única unidade feminina preta a servir no exterior durante a Segunda Guerra Mundial, quebrando barreiras em uma época de segregação racial e discriminação de gênero. Apesar de suas contribuições significativas, a história do batalhão permaneceu amplamente desconhecida por décadas. Somente em 2022, o presidente Joe Biden assinou uma lei concedendo ao batalhão a Medalha de Ouro do Congresso, reconhecendo oficialmente seu serviço inestimável. 

A direção de Tyler Perry é hábil ao equilibrar a grandiosidade da missão com as histórias pessoais das mulheres envolvidas. Ele captura a essência da época, desde os desafios logísticos até as interações sociais, oferecendo ao público uma visão abrangente das dificuldades e triunfos enfrentados pelo batalhão.

Em termos de design de produção, o filme recria meticulosamente o ambiente da década de 1940, desde os uniformes militares até os cenários europeus devastados pela guerra. A atenção aos detalhes históricos proporciona uma imersão autêntica, transportando o espectador para o coração do conflito e para as vidas das mulheres que desempenharam um papel crucial nele. O filme alcançou o Top 10 em mais de 85 países na Netflix, tornando-se a produção mais assistida de Tyler Perry na plataforma até o momento.

“Batalhão 6888” é uma obra cinematográfica que educa e em alguns momentos emociona, trazendo à luz a história de mulheres cuja coragem e determinação deixaram uma marca indelével na história militar e social dos Estados Unidos. É um tributo merecido a essas heroínas esquecidas e uma lembrança poderosa do impacto duradouro de suas contribuições.

WhatsApp
Facebook
Twitter