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Prêmio Jabuti 2024: seleção dos finalistas gera controvérsias, mas Câmara Brasileira do Livro defende decisões

A 66ª edição do Prêmio Jabuti, o mais respeitado da literatura brasileira, apresentou os finalistas de 2023, incluindo alguns nomes que suscitaram polêmicas entre editoras independentes e a organização do evento. Um dos destaques é o livro infantil “O voo do ovo”, de Raquel Matsushita, que entrou na disputa apesar de ter sido lançado em junho de 2024, após o período de elegibilidade, encerrado em dezembro de 2023. Essa inclusão motivou protestos da Livro Livre, grupo de editoras independentes, que questionou a clareza do regulamento quanto à data de publicação.

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) argumentou que considera a data oficial de registro do ISBN para a seleção, independente de datas de eventos de lançamento. A PeraBook, editora de “O voo do ovo”, defendeu que o título cumpre os critérios estabelecidos. Mesmo assim, a decisão de incluir uma obra fora do prazo causou desconforto entre editoras, que pedem uma revisão no regulamento do prêmio para evitar controvérsias futuras.

Além do debate sobre elegibilidade, a lista de finalistas revela uma diversidade de temas e gêneros, com grandes nomes e obras de destaque. Na categoria Romance Literário, Itamar Vieira Junior concorre com “Salvar o fogo”, continuação do aclamado “Torto arado”, competindo com autores de renome como Edgard Telles Ribeiro e João Silvério Trevisan. Na categoria Biografia e Reportagem, um dos focos de atenção do Jabuti, o jornalista Rafael Soares disputa com a obra “Milicianos: como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”, que detalha as complexas relações entre milícias e o crime organizado no Brasil.

O Jabuti também inovou com novas categorias, como Educação, Saúde e Bem-Estar, e Negócios, além de premiar estreantes em poesia e romance. O livro vencedor nas categorias Ficção e Não Ficção concorrerá ao Livro do Ano, com o ganhador recebendo uma premiação de R$ 70 mil e uma viagem à Feira do Livro de Frankfurt.

Neste ano, o prêmio reforçou sua postura de vanguarda ao proibir a inscrição de obras que utilizem inteligência artificial, uma medida tomada após a desclassificação, em 2023, de uma edição de “Frankenstein” que utilizou IA nas ilustrações. Essa decisão reflete o compromisso do Jabuti com a autenticidade literária em tempos de avanços tecnológicos.

A cerimônia de premiação ocorrerá em 19 de novembro no Auditório Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e promete celebrar a riqueza e diversidade da literatura brasileira, enquanto debates sobre regulamentações continuam a moldar o futuro da premiação.

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